TEÓFILO RODRIGUES DE ALBUQUERQUE
Nasceu na cidade de Porto Calvo a 4 de fevereiro de 1885.
Quase nada se sabe sobre as sus atividades literárias em Alagoas.
É um nome somente lembrado de velhos contemporâneos de sua imediata geração. Nos jornais de Alagoas, raramente se encontra uma produção sua.
Mudando-se, cedo, para o Rio de Janeiro, onde exerceu o jornalismo, aí apagou de vez na lembrança dos alagoanos, pois não sabemos nem se ainda vive [isso, em 1959].
AVELAR, Romeu de. Coletânea de poetas alagoanos. Rio de Janeiro: Edições Minerva, 1959. 286 p. ilus. 15,5x23 cm. Exemplar encadernado. Bibl. Antonio Miranda
SOLIDÃO
Ao olhar, a inquirir, nada no espaço avulta,
Ao ouvido, a escutar, nada chega ou responde.
Como em que frente a mim tudo o que há se sepulta,
Como que aos olhos meus foge e se esconde.
Na treva e na mudez vida inteira se oculta,
Não perpassa um clarão, não balouça uma fronde.
No entretanto, em meu ser, meu espírito exulta,
Sem que indague a mudez e sem que a treva sonde.
Cerca-me a solidão, Mas se a pensar me ponho,
Na alma escuto um rumor que não é de tormento,
Que não vem do prazer nem são ecos de sonhos.
É que nunca está só nem jamais vive a esmo.
Quem se deixa levar na asa do pensamento,
E se olha a si próprio e se escuta a si mesmo.
NA FLORESTA
No peito — a luz de amor, na mente ufana
O esplendor da visão que inda me resta,
Símbolo e corpo da consciência humana,
Eis-me chegada às portas da floresta!
Não me exalta o sentido o som que emana
Da terra em hinos, do ambiente em festa,
Não me enternece o olhar a soberana
Beleza que os painéis o ocaso empresta.
O que agita o peito, o que encanta,
E dos troncos senis o vago anseio,
O gemido que vem de cada planta...
Saudade incerta de um perdido enleio,
Mistério alado que se desencanta,
Que busca o eterno, que do eterno veio.
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Página publicada em junho de 2021
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